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terça-feira, 22 de novembro de 2011

Cabelo, Cabeleira, Cabeluda, Descabelada!


Cabelo, cabeleira, cabeluda, descabelada

Quem disse que cabelo não sente

Quem disse que cabelo não gosta de pente

Cabelo quando cresce é tempo

Cabelo embaraçado é vento

Cabelo vem lá de dentro

Cabelo é como pensamento

Quem pensa que cabelo é mato

Quem pensa que cabelo é pasto

Cabelo com orgulho é crina

Cilindros de espessura fina

Cabelo quer ficar pra cima

Laquê, fixador, gomalina”


Se tem uma coisa que eu gosto bastante é do meu cabelo. Durante anos da minha vida eu travei uma luta medieval com ele, passando tudo o que se pode imaginar. Desde aquela famosa pasta verde (que pra mim é ácido sulfúrico purinho) até banho de creme com ovo, abacate, babosa e outras iguarias que se não estivessem batidas no liquidificador, eu ficaria parecendo a Carmem Miranda.

Vamos começar lá de trás...

Quando eu nasci, minha mãe percebeu que eu tinha as grandes entradas do meu avô materno e ficou desesperada. Ela fala que fez uma simpatia com gordura de galinha (sim, gordura de galinha. Vê se isso é coisa de passar em um recém –nascido???), passou nas entradas e os cabelos logo nasceram. Uma tia minha, irmã do meu pai (http://deisedepequenininha.blogspot.com/2010/05/o-dia-em-que-fugi-de-casa.html), que presenciou o ato disse a vida inteira que minha mãe usava titica de galinha em meu cabelo, e por isso ele era ruim daquele jeito.

Na escola sempre escutava musiquinhas à respeito, e a que eu mais odiava, tinha pavor, era: “Olha a nega do cabelo duro, que não gosta de pentear. Quando passa na porta do túnel o negão começa a gritar: Pega ela aí, pega ela aí _Pra que? _Pra passar batom _ Que cor? _ De violeta, na boca e na bochecha.” Durante anos essa música foi um grande trauma em minha vida. Com a imaginação fértil que eu tinha, já cheguei até ao ponto de ter um pesadelo onde estava andando em uma rua escura e quando entrava em um túnel, vinha o maldito negão com um batom violeta passar em mim. Foi horrível eu tentando escapar do negão...

Minha mãe sempre contribuindo para as economias da casa, não nos levava ao salão para cortar ou arrumar os cabelos. Uma vez eu me lembro que estava na moda usar franja e todas as meninas da sala tinham cortado seus cabelos. Eu, Deisedepequenininha, nunca me interessei por estar na moda, mas minha mãe é a revista Vogue em pessoa, e me cortou uma franja também. Fiquei simplesmente parecendo um poodle e o povo ria tanto, mas tanto... Que eu chorava todos os dias na escola. Mas não foi só comigo que ela aprontou tentando ser hair stylist, lembro-me que uma vez ela resolveu escurecer o cabelo da minha irmã, que sempre foi mais claro que o meu. Até aí tudo bem, se ela não tivesse usado papel crepom preto para executar sua brilhante ideia! E o pior, ela o fez antes da menina ir para a aula. Resultado: Ligaram da escolinha pedindo minha mãe para busca-la porque o cabelo dela estava verde.

Quando eu estava na adolescência, minha melhor amiga tinha os cabelos lindos, bem longos e pretos , que ela usava sempre em uma grande trança. Eu ficava encantada com os cabelos dela e resolvi deixar o meu crescer também, para usar a tal trança. A diferença era que o cabelo dela era bom e a trança ficava para baixo, já a minha ficava reta, parecendo aquelas máscaras com uma faca enfiada na cabeça.

Assim que cresci um pouco mais, a revolta da minha mãe veio a tona porque meu cabelo era crespo (os cabelos dela sempre foram anelados, mas não crespos. Já meu pai é um negão de 5m_de altura_ como meu cabelo poderia ser liso, senhor?) e então ela resolveu tirar o escorpião do bolso e pagar um salão de beleza (tristeza) para mim todos os sábados de manhã. Imaginem só o meu humor, já que eu estudava no período matutino e sábado, que era o único dia em que eu podia dormir até um pouco mais tarde, tinha que levantar cedo para ir ao salão.

Nada contra quem frequenta ou quem é proprietário de um salão, mas para mim não há neste mundo um lugar mais torturante: 50 mil mulheres falando ao mesmo tempo!! Enfim, odeio ir ao salão de beleza, mas como minha mãe estava pagando, dei adeus ao sono matinal dos sábados por quase 2 anos. Logo depois voltei a usar o bom e velho Black!

Agora que estou praticamente uma senhora beirando os 30 não dou conta mais de me levantar e me ver de black power todos os dias e fico imaginando: O que é que eu faço com esse mafuá, gente??? E quando ele ficar branco? Vou ficar parecendo o Don King? Aceito sugestões.


quarta-feira, 6 de julho de 2011

"As muito feias que me desculpem, mas beleza é fundamental."

Já dizia meu Poeta.


Quem me vê hoje em dia com meu corpinho sarado, black power estiloso e rostinho de modelo (dizem), nem imagina o quanto eu era feia até os 20, 21 anos. Sério mesmo, feia igual bater em mãe na ceia de natal!

Não sei o que acontecia... Na infância (até uns 5 anos), me lembro de ser bem bonitinha. Tinha uma bundinha arrebitada (daquelas calcinhas cheias de rendinha atrás de antigamente), coxinhas grossas, cabelo enrroladinho e muita simpatia; afinal de contas eu desfilava no principal carro alegórico do carnaval.

Quando fiz uns 7 anos as coxinhas afinaram, perninhas grossas deram lugar a umas pernas de saracura que de longe pareciam com as pernas dos personagens do quadro Retirantes , do Cândido Portinari. Os cabelos, antes encaracoladinhos, deram lugar a uma coisa inexplicável que os meninos da escola carinhosamente chamavam de bombril, sarará, etc. E quanto mais os anos iam passando, mais feia eu ficava.

Como se não bastasse a feiura, tinha ainda a total ausência de bom senso. Eu sempre inventava de me apaixonar pelos garotos mais bonitos e inalcansáveis da até então pequena cidade de Itabira. E como já citei anteriormente, minha auto confiança é algo quase paranóico! Minha primeira ilusão amorosa se deu aos 5,6 anos. Me apaixonei por um vizinho que devia ter quase 18. Não suportando mais seguir com todo aquele amor repreendido no peito, me declarei a ele e disse que queria me casar. Ele ficou chocado com minha obsessão e nunca mais brincou comigo. E até hoje ele é um dos caras mais cobiçados da cidade... Pelo menos bom gosto eu tinha, né?

A segunda foi com um garoto também do meu bairro, mas que morava numa mansão gigantesca e vivia passeando pelas ruas com seu mini buggy e sua mini moto. Coitada de mim... Até hoje ele não deve nem saber da minha existência. Da terceira vez eu finalmente obtive êxito. Aos 12 anos fiquei com o cara mais cobiçado da escola! Hoje eu entendo porque: Ele é tão feio quanto a fome. E não consigo entender é o fato de que ele namorava a menina mais linda do Premen (que hoje não está muito bem também, coitada)....

A partir de então, foram várias paixonites galopantes que incluíram desde os príncipes que apareciam na escola e que nem conversar com eles eu tinha oportunidade, até uns tipos muito estranhos como o que soprou fumaça de cigarro na minha cara e falou:
Nós vai matá aula lá no bar da esquina, tá afim???
Graças ao bom Deus, minha amissíssima Fernanda não permitiu que eu desse continuação a esse devaneio.

Meu maior sofrimento era no dia dos namorados. Sempre faziam aqueles murais para troca de "Recadinhos do Coração" e eu sempre passava lá na esperança de ter algo para minha pessoa. Obviamente nunca ganhei nada. Até que um dia um cara de estava na escola há mil anos começou com uns gracejos pro meu lado. Minha auto estima estava nas nuvens, até uma carta toda escrita em inglês ele me enviou! Lembro que pedi a  uma vizinha mais velha traduzir pra mim e seu comentário foi o seguinte: "Deise, namora com ele! Ele está apaixonado por você!"
Eu: "Mas ele é muito feio, Ana!"
E ela, com toda a sabedoria do mundo me ensinou: "Homem feio é que é bom, porque mulher nenhuma vai querer tomá-lo de você". Eu tinha um pouco de sabedoria própria e não dei ouvidos, claro!

Dentre todos estes garotos existia um tipinho moreno, do cabelo grandinho e que era filho de uma das professoras da escola. Minha paixonite por ele durou anos mas nunca comentei com ninguém, pois já estava bem grandinha e minhas noções de razoabilidade começavam a aflorar. Eu o olhava de longe, via como era inteligente, educado e mais velho que eu uns 2 ou 3 anos. Finalmente ele formou-se no segundo grau e eu virei a vida do irmão dele, que estudava em minha sala, de cabeça pra baixo a fim de saber seu paradeiro. Tinha se mudado para Belo Horizonte e nunca mais o encontrei.

Um belo dia, há uns 3 anos atrás, fui passar um fim de semana em Itabira e precisava voltar para BH no domingo a tarde. Eis que o encontro na rodoviária: Um deus. Ele simplesmente virou um deus! Os cabelos ainda grandes, uma barba comunista super charmosa e o olhar lindo de sempre, que dessa vez olhou nos meus olhos e deixou um breve cumprimento. Confesso que gelei. E gelei ainda mais ao entrar no ônibus, pois ele não parava de olhar pra mim e eu pensando: "Gente, será que eu to cagada? Tem alguma coisa errada comigo?" E quando enfim achei minha poltrona, era ao seu lado!

Ele, educadíssimo, perguntou se o fato de ele ler um jornal me incomodaría, pois talvez eu estivesse com sono. Claro que não fiz nenhuma objeção. Percebi que ele estava muito inquieto e aquela situação estava me deixando extremamente nervosa. Então ele tirou uma barrinha de cereal da mochila e me ofereceu. Eu recusei e agradeci e então ele aproveitou para puxar conversa:

-Você é daqui de Itabira?
-Sim, sou sim.
-Engraçado, eu nunca te vi!
-Ah, eu me lembro de você...
-Não, não! Eu nunca te vi. De uma mulher linda como você eu me lembraria para o resto da vida se já tivesse visto.

Essas palavras me levaram aos céus! Fui tomada por uma espécie de felicidade extrema e estava me sentindo uma miss universo! Mas como eu sou mulher e toda mulher é bi (BI- ssexual, BI- polar ou BI- scate), minha bipolaridade me levou ao mesmo tempo ao sentimento de revolta. Afinal, foram muitos anos apaixonada por ele, observando-o todos os dias, seguindo todos os seus passos e agora que a vida tem todo um contexto diferente ele me vem com uma cantadinha barata dessas? Era um desaforo!!! E então, com muito sarcasmo dei continuidade à conversa:

-Aaaah, viu sim! Sua mãe é professora, você é irmão de fulano e estudou o segundo grau no Premen, não é?
Ele espantado: - Uai, é sim... Você estudava lá?
-Estudava, na sala de seu irmão.
-Nossa, juro mesmo que nunca te vi lá... Você é muito bonita! Eu deveria ter me lembrado...
-Pois eu vou te contar porque você não se lembra! É porque na época em que estudávamos lá, eu era bem feinha, sabe... Feia, mas feia mesmo!Com força! E um rapaz bonito e interessante como você não tem tempo de reparar nas garotas feinhas, estava sempre em companhia de belas garotas... Mas eu me lembro de você sim, já te mandei vários recadinhos do coração nos murais de dia dos namorados!

Ele sorriu muito sem graça (não sei se estava sem graça de pensar o quanto eu devia ser feia, por ter lembrado o quanto eu era feia, ou por pensar que eu no mínimo, era louca) e imediatamente parou com os gracejos malandros.

Seguimos a viagem conversando sobre várias coisas, inclusive sobre política, e ele se revelou militante do PSOL. Me convidou inclusive para ir a uma reunião do partido, aproveitando o convite para me pedir o número do meu telefone. Ali estava a oportunidade que aguardava desde a adolescência e com a qual sonhei várias vezes. Mas mais uma vez a bipolaridade falou mais alto, lembrei-me de que aquilo era um desaforo e dei o número errado.



terça-feira, 21 de junho de 2011

Mochilão para Raposos

Verão de 2010 (acho que já citei para vocês a minha facinação com esta estação do ano). Eis que consigo tirar minhas tão sonhadas férias no emprego no mês de fevereiro. Queria aproveitar o carnaval, o mar, Itabira e as lindas cachoeiras que só Minas tem.
Logo no primeiro domingo, vésperas do merecido descanso, quebrei tudo num bloco carnavalesco no Santa Tereza.Um cara mais louco que o Batman se apaixonou por mim na fila da cerveja, me mostrou a carta de vinhos do restaurante e perguntou qual vinho eu gostaria de tomar em sua companhia. Sem pestanejar, escolhi o mais caro, achando que aquilo não passava de um lero lero dos mais fajutos. Quando saio da fila, ele me aparece com a garrafa debaixo da blusa e disse que tinha roubado pra gente. Acho que foi a maior prova de amor que já tive de um gênero masculino... A única, se não me engano. De lá fui parar na promoção de verão do Gis Club : Hot Summer, Tudo a R$3,00 (inclusive sua dignidade).

Obviamente eu não estava sozinha nesse domingo "do jeito que o diabo gosta", minhas secretárias do concurso Rainha do Carnaval, Dum e Luíza também faziam parte o programa. Eu fiquei umas 3 horas com uma caipirinha de 3 pedaços de limão, 3 dedos de cachaça e 3 pedras de gelo na mão, de tão ruim que estava. Saimos de lá cada uma mais sem dignidade que a outra, a ponto de eu arrancar uma Espada de São Jorge em um jardim e correr atrás das meninas para bater nelas sei lá por qual motivo. Depois disso dormimos todas em minha casa.
Na segunda-feira (oh glória!), eu estava de férias! Levantamos meio dia, na maior ressaca e enquanto eu fazia o almoço, as secretárias foram comprar cerveja. Nesse intervalo de tempo eu pensava: "Como o dia tá lindo! Tá pedindo tanto uma cachoeira..." Então quando terminamos de almoçar eu tive a brilhante idéia: Vamos pra Raposos?
Luíza: Não, eu tenho que ir pro meu estágio.
Dum: Não, eu tenho que ir trabalhar.
Porém, meu poder de persuasão power acabou por convencê-las: "Gente, cachoeira! Luíza, você não conhece cachoeira! Vamos? Dum, falta ao trabalho! A gente leva uma vodka, compra alguma coisa pra comer, não são nem 30 minutos de ônibus!"

Bastou isso para sairmos feito loucas de casa. Cada uma com um copo de cerveja na mão em direção ao centro de BH para pegarmos o coletivo com destino à cidade de Raposos cantando: "To-tô de férias, tô indo pra Raposos". Luíza aproveitou a ocasião para passar em um lojão e compar um short de banho rosa, que mais parecia papel crepom, por R$4,00. Lindo, imaginem. Quando finalmente chegamos na cidade, depois de uma hora e meia no ônibus e a Dum querendo me matar, já era por volta das 17 horas. Como era horário de verão, tínhamos que nos apressar para conseguirmos tomar um solzinho.

Chegamos na cachoeira (que não era cachoeira, era só esse filete de água da foto),estávamos lá lindas curtindo a água, a vodka e otras cositas más quando Luíza deu um mergulho e o short rosa começou a soltar tinta no rio matando uns 647 peixes. Foi aí um ser humano muito inconveniente apareceu e mudou toda a história.
Primeiro, na companhia de uns 5 outros homens, ele se aproximou de nós e se apresentou como Bodoque. Educadas, demos a ele um sorriso de Monalisa continuando a beber e conversar na beira do rio. Vendo que havia sido esnobado, ele pediu um pouco de vodka e nós, educadas, porém sinceras, dissemos que não. Insistente demais, ele nos convidou para um mergulho e  também recusamos. Então ele começou a nos perturbar, até a hora em que jogou água em mim e minhas secretárias disferiram umas boas dúzias de palavras feias que fizeram com que ele saísse da água extremamente nervoso e embrenhasse mata afora.

Nesse momento, um outro homem que observava toda a confusão se apresentou sobre a alcunha de Vanderley (se não me engano) e iniciou o seguinte diálogo:
_ Gente, cêis são doida? Cêis tiraro o maior patrão da cidade. O Bodoque é o maior patrão da cidade!
Eu fiquei imaginando que ele era o maior patrão da cidade porque o pai devia ter alguma empresa que empregava muita gente, até o Vanderley falar claramente que o cara exercia atividade ilícita e violenta. Ele nos aconselhou a irmos embora e disse que nos levaria pela trilha, pois já estava ficando escuro. Nós ignoramos o conselho e acabamos fazendo amizade com ele, que até de verdade ou consequência ele brincou com a gente.
 
Na hora de ir embora já estávamos mais pra lá do que pra cá. Havíamos tomado uma garrafa de vodka, várias cervejas e não estávamos nem um pouco preocupadas com o perigo. Quando passamos em frente a um bar no final da trilha que levava de volta à cidade e  lá estava o tal Bodoque de moto e cara amarrada. Vendo nossa bela amizade (que parecia de anos) com Vanderley, ele disse: "Coé Vanderley, vai ficar dando idéia pra essas patricinhas tiradas?"
 
Achamos aquilo um baita desrespeito com nosso amigo e para irritá-lo ainda mais, abraçamos o Vanderley e começamos a gritar: "HEY, HEY, HEY, VANDERLEY É NOSSO REI!" O coitado do Vanderley estava morrendo de medo e seguiu para sua residência, nos convidando para ficar lá. Mas como a gente ainda tinha o mínimo de discernimento, paramos em um bar adiante onde as meninas me enganavam falando que estávamos ganhando cerveja. Eu não aguentava mais beber. O dono do bar, um senhor de uns 1800 anos, estava super feliz, pois parecia que não via um cliente há pelo menos uns 1750. Porém, a cara de felicidade dele não era cara de quem estava nos dando cerveja e foi aí que descobri o truque das duas, estabeleci o limite (coisa rara) e fomos embora pra rodoviária. No meio do caminho um carro parou ao nosso lado oferecendo carona, era o Vanderley na companhia de um amigo muito esquisito, mas nós fomos.
 
Chegando na rodoviária, o tal amigo que não me lembro mais o nome viu uma viatura da polícia e começou a se comportar estranhamente. Ele perguntou se não podia nos deixar em um ponto de ônibus na BR, pois tinha que fazer uma entrega e não podia ficar alí. Imediatamente eu disse que não, mas as secretárias loucas adoraram a idéia porque os rapazes disseram que em frente ao ponto de ônibus tinha um posto de gasolina e um bar, onde nos pagariam umas cervejas. Sem que eu tivesse tempo de dizer não novamente,  os dois arrancaram o carro e eu, desesperada, com lágrimas nos olhos, imaginei que alí acabavam minhas férias, meu verão e minha vida.

Brigamos uma com a outra quando percebemos que eles exerciam a mesma atividade do Bodoque. Brigamos com eles, que só faziam rir da nossa cara pra aumentar nosso desespero, até que  finalmente chegamos ao tal ponto de ônibus onde eles realmente pagaram a cerveja e Vanderley se declarou apaixonado pela Dum. No final, disse que nos pegou no meio caminho com medo de o Bodoque nos seguir. Gracinha demais! É uma pena que nunca mais possamos voltar à cidade para visitá-lo.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Lição de vida nº 1: Auto Confiança

Acredite em si mesmo e não viverá de mentiras alheias.
Deisedepequenininha, eu sempre tive muita auto confiança. Acho que devo isso à minha mãe, que me colocava como mini palestrante em todas as apresentações desde o maternal. Ficava horas e horas e horas ensaiando comigo. Me colocava em cima de uma cadeira e ela era o público: Mudava de lugar enquanto eu ia falando, para que parecesse que tinha muita gente na platéia.
Até hoje me recordo de seus gritos: "Olhe pra frente!!!! Você não tem que olhar para o público! Pra frente!!!" "Sem gaguejar! Enquanto você não decorar esse texto você não vai brincar." Acho que ela queria que eu fosse famosa, coitada...
A primeira proesa dela da qual me lembro, foi me levar na TV Alterosa na gravação de um programa do Bozo e da Vovó Mafalda (inclusive, fiquei chocada quando soube que ela era homem). Eu era muito pequena, então só me lembro de uns flashs. Me lembro que estávamos de férias na casa de uma tia em Belo Horizonte, e ela enfiou na caixola que iria me levar na gravação do programa. E era pra eu fazer de tudo pra participar das brincadeiras pra aparecer na tv. A questão da brincadeira era um pequeno adendo em forma de ameaça. Pegamos uns 3 ônibus, andamos até a morte e quando chegamos lá, não era a data da gravação.
A segunda tentativa de agenciamento de considerável porte que minha mãe me aprontou, foi quando eu tinha uns 4 anos. Houve um show da Mara Maravilha e Sérgio Mallandro no Ginásio I do VEC, em Itabira. E não sei porque cargas d'água havia um concurso de dança. Obviamente, ela me inscreveu. Me inscreveu, me deixou dias ensaiando sob seu olhar de Jackson'S Pai e ela mesma fez o figurino. E ainda deu um barraco no evento porque eu não ganhei. Em algum lugar do planeta existem fotos desse dia. Fotos que eu nunca vi e processo quem divulgar!
Acho que ninguém sabe, mas eu era passista mirim da Escola de Samba Unidos de Itabira. Sim, meus caros. Durante muitos anos passei meus carnavais desfilando em cima de um carro alegórico. Isso desde que comecei a dar os primeiros passos até uns 6 anos mais ou menos. Vagas são as minhas lembranças, mas me lembro de que todas as atenções eram voltadas pra mim: "Ai, que lindo!" "Que fofura ela sambando!!!" "Samba que a titia te dá um doce!"
E assim foram inúmeras as vezes em que disputei concurso de lambada (campeã) do bairro, fui oradora não só da minha turma, mas de todas as turmas da escolinha, participei de teatro, coroação, festa junina e afins. Sempre ensaiando sob o olhar de ameaça mortal de minha querida progenitora.
Isso fez com que eu me tornasse uma das pessoas mais autoconfiantes que ja tive o prazer de conhecer. Pode estar tudo dando errado, com sinais óbvios e matemáticos de que vai piorar que se eu digo que vai dar certo, nem Deus tira da minha cabeça que vai dar certo. Se eu tenho uma idéia, invenção, teoria, ou afins, todo mundo pode jurar pra mim que está errado, que não vai dar certo, que enquanto eu mesma não me dou conta de que não funciona, é a verdade absoluta (eu só não defendo, mas fica na minha mente que é).

As próximas histórias que vou contar aqui vem todas desse meu ego hiper inflado. A de hoje, véspera do meu cumple años, não poderia deixar de ser a História da Rainha do Carnaval.

Verão de 2010. O verão é a época do ano que mais me agrada (Fico insana com esse calor tropical e procuro refrescar - me da melhor forma possível todos os dias : Tomando uma(s) cerveja(s)), e em um desses happy hours refrescantes de verão, vi um cartaz com os seguintes dizeres: Abertas as inscrições para o concurso que elegerá a Rainha do Carnaval 2010! Logo me veio a mente a mais absurda das idéias que já tive até hoje e para se tornar um pouco pior, eu a expressei verbalmente: "Haha, vou participar!" Todo mundo que ouviu aquilo duvidou veementemente sob o seguinte argumento: "Mas você não sabe sambar, Deise!" A minha resposta era clara e objetiva: "O prêmio é de R$5000,00. Vai que ninguém que tá inscrito sabe e eu ganho?!"
E assim comecei a fazer um regime, pois o verão também é a época em que eu mais tenho pesos devido a frequencia da refrescância. Fiz minha inscrição e contratei duas secretárias: A Dum cuidaria do processo administrativo (não existia processo administrativo além de ir comigo fazer a inscrição porque eu estava com vergonha), e Luiza Vinil seria minha maquiadora e acompanhante no dia do evento. Caso eu ganhasse, cada uma ficaria com a bagatela de mil reais.
Chegado o dia do evento eu tinha perdido 1 mísero kg (estava mais inchada que o Zeca Pagodinho), mas estava confiante. Aluguei uns penachos de índio numa loja de fantasia, porque não achei fantasia de carnaval, coloquei umas pedras enfeitando meu biquini e fui com a cara e a coragem. Dei a seguinte instrução a Luiza: "Leve em sua bolsa umas latinhas de cerveja pra eu ir bebendo enquanto não começa, porque assim eu fico desinibida e danço pelo menos alguma coisa." Obviamente, ela esqueceu!
Digamos que as demais candidatas (32 ao todo) não eram agraciadas de beleza, e isso me deu mais confiança ainda. Todos os repórteres me paravam para tirar foto, me filmavam em close e eu com o seguinte pensamento: Sorria e acene! Minha maquiagem ficou impecável (levei dias pra tirar tanta purpurina do corpo), e eu só precisava balançar um pouquinho na frente dos jurados pra ganhar 5 mil.
Quando finalmente chamaram ao palco, me explicaram que iríamos entrar todas juntas e depois entrava uma de cada vez. Detalhe: Eu não sabia dessa história de uma de cada vez! Já na primeira volta na passarela, ao som de uma magnífica bateria que estava fazendo com que eu me sentisse na Sapucai, as pedras de adorno do meu biquini soltaram e cairam aos pés dos jurados. Mas o pior momento estava guardado para a minha apresentação individual!
Tremendo como uma vara verde, tive que sambar em cima de um salto gigante desviando das pedras do biquini para não cair diante daquela multidão. Meus amigos gritavam enlouquecidos e tiravam fotos para eu nunca mais esquecer este momento. Sucedeu-se que eu vi que já estava tudo perdido mesmo, então resolvi fazer uma coreografia neomodernista, dei uma abaixadinha e meus kilos ronaldônicos não me deixaram levantar. Segundo as palavras de uma amiga que estava na platéia, "Os jurados olhavam para você com uma cara de: Quem te trouxe, minha filha?"
Das 32 candidatas, 20 passavam para a próxima fase e vocês podem imaginar que eu passei longe, né?! Rapidamente os flashs mudaram de direção e esta foi a única vez que experimentei  15 minutos de fama sem ter treinado sob os olhares de Jackon's Pai da minha mãe. Talvez tenha faltado só isso.


segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Os Desmaios Da Minha Mãe


Bom, que minha mãe é uma figura hiper - criativa e totalmente voltada para a encenação vocês já puderam observar em alguns posts anteriores. Mas hoje eu me lembrei de algumas cenas dela que tive a oportunidade de assistir como plateia na minha infância e gostaria de compartilhar com vocês, pois acho que não deveria guardar isso só pra mim por mais 30 anos.
Minha mãe sempre teve um ótimo poder de persuasão. É do típico tipo de pessoa que sempre consegue o que almeja. Desde um rápido atendimento no pronto socorro até dar um susto em uma funcionária da polícia civil sem ser presa. E o nome do poder de persuasão dela é bem simples: DESMAIO.
Inúmeras foram as vezes em que tive de acompanha-la ao pronto socorro municipal, pois ela sempre tinha crises agudas de cólica renal. Pra quem não sabe, não sei também de onde vem essa cólica, mas é uma dor terrível que só cessa após a aplicação de buscopan na veia. Nada mais no mundo adianta. Nem buscopan comprimido, reza, Dr. Fritz ou pai de santo.
Então, sempre que ocorriam essas crises era aquele auê... Meu pai não tinha carro, então eu tinha que correr nos vizinhos e pedir para que a levassem ao hospital e ia junto, toda assustada, rezando pra ela não morrer (isso eu tinha uns 7 ou 8 anos). Chegando ao hospital, sempre era a mesma história: LOTADO. E sempre sem previsão de atendimento. Minha mãe sempre esperava, com muita dor, por pelo menos uns 20 minutos. Obviamente, em 20 minutos ninguém tinha sido atendido ainda, então ela começava o bafão. Chorava, xingava toda a recepção do pronto socorro, ameaçava a chamar a polícia, e quando via que nada disso iria adiantar, ela simplesmente desmaiava.
E não é que dava certo? Rapidamente apareciam enfermeiros, médicos, policiais, e ela recebia atendimento. Enquanto isso eu ficava olhando de longe, apavorada, sem entender o que estava acontecendo e prometendo a Deus que nunca mais tomaria leite condensado se minha mãezinha não morresse...
A segunda situação aconteceu quando ela tentou tirar carteira de motorista. Depois de fazer mil aulas de direção ela partiu para a avaliação. Estava um poço de sutilezas como sempre, devido ao seu “estado de nervo”, como ela diz. Obviamente ela não passou na primeira vez e então tentou pela segunda. Também não passou. Errou o último exercício, depois de acertar tudo e estar chegando ao lugar de partida. Segundo ela, a pauta já estava toda aprovada, mas como ela errou o último, o examinador colocou uma observação de reprovação no canto.
Estava ela em casa, assistindo sua preciosa novela da tarde, quando o telefone tocou. Era a mulher da delegacia de polícia civil:
_Eliana?
_Sim.
_Eliana, aqui é “X” da delegacia da polícia civil, estou te ligando pra saber se você vai vir pegar sua carteira ou quer que eu a rasque e jogue fora.
_Uai, mas eu não fui aprovada no exame, como que minha carteira chegou aí?
_Está aqui, e é bom você vir busca-la.
Minha mãe achou um abuso aquela falta de delicadeza da senhora X e foi lá dar uma lição nela.
Chegou na delegacia e lá vamos nós com o auê...
_Eu sou Eliana, gostaria de pegar minha carteira de motorista. Nossa, estou tão feliz que passei até mal antes de vir aqui gente, por isso que demorei.
A senhora X, certa do engano que havia cometido, foi logo tratando de se explicar:
_Senhora Eliana??? Ai, mil perdões... Eu não tinha visto que havia uma observação em sua pauta... Ai, senhora , me desculpe!!!!
_O quê (êêêê)? Como assim? Você me faz sair da minha casa, vir até aqui... Eu te falei que eu não tinha passado!!!!
_Ai dona Eliana, me descul...
_Aaaai, eu to passando mal! Gente, me ajuda, eu tô ... Você é uma irresponsável, eu tenho problemas cardíacos!!!!! Eu...
_Gente, pelo amor de Deus, a mulher desmaiou!!!!! Aaaai, meu Deus, eu matei a mulher!!!
Minha mãe diz que ouvia a mulher aos prantos, enquanto os policiais tentavam reanimá-la e então alguém disse: Chama fulano, ele é enfermeiro!
Nessa hora ela viu que o show havia acabado e foi voltando aos poucos de seu desmaio.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Passatempo

Passa tempo, passa rápido
Que hoje é sexta – feira
E amanhã verei meu amor


Passa tempo, passa voando
Leve essa hora, leve essa ausência
Leve minha saudade


Leve, leve, leve


Passa tempo, passa desapercebido
Pra que a ansiedade me deixe comer
Pra que a alegria não me tire o sono
E eu desperte amanhã com a pele boa


Mas quando com meu amor eu estiver
Passa devagarinho, tempo
Transforme cada segundo em meio
Cada beijo em eternidade
Cada cheiro em anos luzes
Cada abraço em reticências milenares