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sábado, 20 de outubro de 2012

E o Rio de Janeiro, continua lindo?

Comecei a escrever esta postagem em minhas férias do ano passado quando ia levar comigo meu sobrinho, o Caio, para conhecer a cidade maravilhosa. Como a primeira vez a gente nunca esquece, me lembrei de quando tinha 12 anos e minha mãe inventou que iríamos passar o natal na casa de uns familiares dela no Rio de Janeiro.

Na época ela era casada com meu pai e ele sempre detestou a idéia de ir ao Rio por medo de ser sorteado com uma bala perdida. Então iríamos minha mãe, minha irmã (com 6 anos na época) e eu. Ficamos todas alvoroçadas, pois havia muitos anos que minha mãe não via seus familiares, eu tinha ido a praia uma vez só na vida, aos 6 anos e minha irmã nunca tinha visto o mar.

Me lembro muito bem das compras: Eu ganhei uma mochila e um brick game, minha irmã ganhou alguma coisa e um brick game e minha mãe comprou todas as bugingangas que estavam a seu alcance. Depois de todos os preparativos, partimos num ônibus de Itabira às 19hs para chegar às 7 da manhã no Rio sem saber que estávamos partindo para uma aventura bem no estilo Indiana Jones.

Primeiramente, minha irmã ia toda hora ao banheiro e em uma dessas idas prendeu o dedo na porta, coitada...Quase teve o dedo decepado. Ela chorava tanto, mas tanto, que ninguém mais conseguia dormir no ônibus! Quando conseguiu parar de chorar minha mãe a fez dormir e a viagem prosseguiu normalmente. Não sei se alguém já passou por isso, mas ir de ônibus de Itabira para o Rio é um desespero! O ônibus passa por Monlevade, Mariana, Ponte Nova e umas outras 357 cidades. Por fim, minha mãe arrumou umas amizades no ônibus com uma senhora e sua filha que não paravam de conversar. Segundo elas, Ponte Nova era a última parada antes de chegar no Rio.

Como minha mãe era fumante na época, estava ficando irritada já de tanta vontade de fumar. E as donas falando, falando, falando... Eu não conseguia dormir, até que chegamos em Ponte Nova e descemos para minha mãe fumar enquanto as donas foram ao banheiro. Após tragar toda a nicotina do universo, minha mãe foi ao banheiro, fez o que tinha que fazer e ficou lá retocando sua maquiagem, aproveitando para retocar a maquiagem das donas também. Eu, incomodada com aquela demora indaguei:
_Mãe, o ônibus vai deixar a gente pra trás, anda logo!
E ela com toda a sua educação alternativa respondeu:
_Ih menina, não me responde não!!!!Claro que o motorista não vai deixar passageiro nenhum pra trás! E cala a boca!

Chovia muito nesta noite e quando voltamos ao estacionamento, o ônibus não estava mais no local da parada. Todo mundo sem saber o que fazer e eu falando internamente: "Eu falei, eu falei!"
Enquanto isso donas começaram a chorar desesperadamente, tipo aquelas viúvas na beirada da cova do marido que colocam a mão na cabeça e berram: ME LEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEVA!!! Minha mãe, um pouco mais racional, as mandou calarem a boca, solicitou um táxi e quase vinte minutos depois alcançamos o ônibus. Não me lembro exatamente o valor do táxi, mas foi um valor altíssimo e as donas queriam que minha mãe pagasse sozinha:
_Nossa, a gente não tem dinheiro não... Nosso dinheiro está contadinho pra pagar a passagem de volta!
Minha mãe: "Poblema é seus!!! Se não fosse eu vocês iam ficar lá na rodoviária! Se vira e pede dinheiro emprestado pros seus parentes pra vocês voltarem!" Nem precisa dizer que a amizade linda acabou aí, né...

Chegando ao Rio, fazia um calor maldito de 40º que me deixou intoxicada. Ficamos na casa de uma tia lá pros lados de Miguel Couto e íamos à praia de Copacabana numa mobilização que parecia uma excursão.
Foram as melhores férias da minha vida: Nessa época conheci um gatinho lá pelo qual me apaixonei (platonicamente, para variar)... Resolvi descer uma ladeira enorme de uns 150m de patins e desci várias vezes lindamente, só que quando chamei meus primos para verem meu feito radical, cai no meio do morro e fui ralando no asfalto até o fim dele... Fui ao maracanã ver o Flamengo jogar... Saí para caçar rã com meus primos... Tive que presenciar minha mãe passar Coca Cola no corpo pra se bronzear toda vez que íamos à praia... Vi pela primeira vez uma travesti (com uma peruca estupenda e saltos plataforma maravilhosos) na Avenida Atlânticao e fiquei alucinadíssima...  Conheci todos os parentes e perdi meu brick game.

O mais interessante foi que minha mãe gastou o dinheiro dela todo e tivemos que depender do meu pai enviar dinheiro para irmos embora. Isso fez com que eu voltasse às aulas um mês depois das férias terem acabado, com sotaque carioca e torcedora do Flamengo. Meu pai (atleticano doente) quis morrer!