Pesquisar este blog

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Os Desmaios Da Minha Mãe


Bom, que minha mãe é uma figura hiper - criativa e totalmente voltada para a encenação vocês já puderam observar em alguns posts anteriores. Mas hoje eu me lembrei de algumas cenas dela que tive a oportunidade de assistir como plateia na minha infância e gostaria de compartilhar com vocês, pois acho que não deveria guardar isso só pra mim por mais 30 anos.
Minha mãe sempre teve um ótimo poder de persuasão. É do típico tipo de pessoa que sempre consegue o que almeja. Desde um rápido atendimento no pronto socorro até dar um susto em uma funcionária da polícia civil sem ser presa. E o nome do poder de persuasão dela é bem simples: DESMAIO.
Inúmeras foram as vezes em que tive de acompanha-la ao pronto socorro municipal, pois ela sempre tinha crises agudas de cólica renal. Pra quem não sabe, não sei também de onde vem essa cólica, mas é uma dor terrível que só cessa após a aplicação de buscopan na veia. Nada mais no mundo adianta. Nem buscopan comprimido, reza, Dr. Fritz ou pai de santo.
Então, sempre que ocorriam essas crises era aquele auê... Meu pai não tinha carro, então eu tinha que correr nos vizinhos e pedir para que a levassem ao hospital e ia junto, toda assustada, rezando pra ela não morrer (isso eu tinha uns 7 ou 8 anos). Chegando ao hospital, sempre era a mesma história: LOTADO. E sempre sem previsão de atendimento. Minha mãe sempre esperava, com muita dor, por pelo menos uns 20 minutos. Obviamente, em 20 minutos ninguém tinha sido atendido ainda, então ela começava o bafão. Chorava, xingava toda a recepção do pronto socorro, ameaçava a chamar a polícia, e quando via que nada disso iria adiantar, ela simplesmente desmaiava.
E não é que dava certo? Rapidamente apareciam enfermeiros, médicos, policiais, e ela recebia atendimento. Enquanto isso eu ficava olhando de longe, apavorada, sem entender o que estava acontecendo e prometendo a Deus que nunca mais tomaria leite condensado se minha mãezinha não morresse...
A segunda situação aconteceu quando ela tentou tirar carteira de motorista. Depois de fazer mil aulas de direção ela partiu para a avaliação. Estava um poço de sutilezas como sempre, devido ao seu “estado de nervo”, como ela diz. Obviamente ela não passou na primeira vez e então tentou pela segunda. Também não passou. Errou o último exercício, depois de acertar tudo e estar chegando ao lugar de partida. Segundo ela, a pauta já estava toda aprovada, mas como ela errou o último, o examinador colocou uma observação de reprovação no canto.
Estava ela em casa, assistindo sua preciosa novela da tarde, quando o telefone tocou. Era a mulher da delegacia de polícia civil:
_Eliana?
_Sim.
_Eliana, aqui é “X” da delegacia da polícia civil, estou te ligando pra saber se você vai vir pegar sua carteira ou quer que eu a rasque e jogue fora.
_Uai, mas eu não fui aprovada no exame, como que minha carteira chegou aí?
_Está aqui, e é bom você vir busca-la.
Minha mãe achou um abuso aquela falta de delicadeza da senhora X e foi lá dar uma lição nela.
Chegou na delegacia e lá vamos nós com o auê...
_Eu sou Eliana, gostaria de pegar minha carteira de motorista. Nossa, estou tão feliz que passei até mal antes de vir aqui gente, por isso que demorei.
A senhora X, certa do engano que havia cometido, foi logo tratando de se explicar:
_Senhora Eliana??? Ai, mil perdões... Eu não tinha visto que havia uma observação em sua pauta... Ai, senhora , me desculpe!!!!
_O quê (êêêê)? Como assim? Você me faz sair da minha casa, vir até aqui... Eu te falei que eu não tinha passado!!!!
_Ai dona Eliana, me descul...
_Aaaai, eu to passando mal! Gente, me ajuda, eu tô ... Você é uma irresponsável, eu tenho problemas cardíacos!!!!! Eu...
_Gente, pelo amor de Deus, a mulher desmaiou!!!!! Aaaai, meu Deus, eu matei a mulher!!!
Minha mãe diz que ouvia a mulher aos prantos, enquanto os policiais tentavam reanimá-la e então alguém disse: Chama fulano, ele é enfermeiro!
Nessa hora ela viu que o show havia acabado e foi voltando aos poucos de seu desmaio.