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domingo, 26 de dezembro de 2010

Os Presentes Do Meu Pai


Dezembro. Época de férias, verão e claro, Natal. As ruas viram um caos, o comércio fica insuportável, e eu tenho que me submeter ao consumismo desesperado para trocar presentes com as pessoas queridas. Costumo dizer com toda a minha franqueza ácida: Não me dê presente, pois eu não dou presente a ninguém.  As únicas vantagens que vejo nesse período é a folga que tenho do trabalho e a oportunidade de ver familiares e amigos que passo muito tempo sem encontrar.
Enfim, em meio a toda essa confusão de compras de Natal, me lembrei do quão sem jeito para dar presentes meu pai costumava ser. Uma vez, quando minha mãe ainda estava grávida da minha irmã, em pleno dia das mães fomos comprar um presente para ela. Presente este que quase resultou em um divórcio. Minha mãe já é dramática por natureza e mulher grávida, sabem como é, né?!  Meu Pai, muito sem noção a presenteou com um ferro de passar roupas. Foi um desespero. Minha mãe chorava, chorava... Passou o domingo inteiro chorando. Até que ele saiu novamente e voltou com umas rosas e um cartão lindo e cessou seu pranto. Um ano depois, ele deu a ela uma panela. Resumindo, as comemorações do dia das mães eram sempre bastante tensas lá em casa.
Mas a falta de noção do meu pai para pressentes era geral, e isso inclui obviamente, a minha pessoa. O primeiro de que me lembro foi uma bicicleta. Na época, todas as meninas da rua tinham aquela Cecizinha rosa com cestinha na frente e meu pai me deu de natal uma Caloi Cross usada pelo gênero masculino. Logo, as meninas me excluíam de suas brincadeiras porque minha bike era azul.
Apesar de seu gosto atrapalhado, ele sempre chegava em casa com alguma coisinha pra mim e um belo dia apareceu lá em casa com uma fita k7 embrulhada em um papel de presente. Quando abri, tomei um susto enorme! Era uma fita com músicas brasileiras variadas, nada a ver com o gosto do meu pai. Ele sempre gostou de música de qualidade e me deu essa fita horrorosa, com um monte de axé/ pagode/ funk. Nada contra, mas também, nada a favor. O pior é que tive que escutar a tal fita para não fazer desfeita. Para que vocês tenham uma idéia, uma das músicas era:

"Atrevida há uma saída
Para corrigir os erros que tu tens
O comprovante da sinceridade
Me dá coragem para ir além
Não me importa se está zangada
É sempre amada na hora que quer
Me faz sonhar e ter alucinações
E na cama mostra a real mulher"

Atrevida _ MC Marcinho

Olhem bem essa letra: "Me faz sonhar e ter alucinações/E na cama mostra a real mulher." Vê se isso é música para uma criança de 12 anos ouvir há alguns bons anos trás? [Era pra eu ser uma perdida na vida...]
Mas o agravante, o monstruoso, o inexplicável mesmo era a capa da fita: Uma mulher nua tomando banho de cachoeira. Nua, nua, nua mesmo! [Era pra eu ter virado uma lésbica taradissima!] Fui obrigada a perguntá-lo de onde ele havia tirado aquela fita e ele disse que ganhou num jogo de baralho! Dá pra imaginar onde é que rolava essa jogatina...
Ainda na pré adolescência, ele me deu um relógio (também azul) de presente de Natal. Quanto a cor do relógio tudo bem, o problema era que além de masculino, ele era gigante e acendia uma luz que mais parecia um farol de porto. O povo da escola passou a me chamar de Power Ranger Azul. [Era pra eu ter virado uma sociopata.]
O penúltimo presente que ganhei dele de Natal foi uma bolsa. Eu já tinha uns 24 anos e não é qualquer bolsa que se dá para uma mulher de 24 anos, né?! Não, não é. Ele me deu uma bolsa tipo uma pochete, com uma alça só, era estranha demais... [Era pra eu te virado uma lésbica, sociopata, tarada, perdida na vida e caminhoneira!] Mais uma vez, tive que usar para não fazer desfeita.
Esse ano, pela primeira vez em quase 30 anos meu Pai acertou em meu presente de Natal. Pedi a ele uma grana emprestada e ele, cheio do espírito natalino que invadiu o rotweiller há 5 anos atrás e não o deixou me devorar, disse que eu não precisava pagar. Deus abençoe o espírito natalino!


quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Passando Pelas Águas_ Ao Dia do Evangélico



Não sei se vocês sabem, mas eu sou batizada na Igreja Batista (Por mais que não pareça) (nem um pouco).
Vou contar para vocês:


Eu estava no segundo ano do ensino médio, eu acho, e tinha um garoto evangélico na minha sala que era chato pra caramba. Ou ele era muito chato ou eu que era profana demais (Prefiro acreditar na primeira opção).
Um belo dia ele veio me chamar pra ir à igreja que ele e toda a sua família e mais ou menos 1% da sala frequentavam e eu, super sincera como sou, claro que disse que não ia. O maldito do menino me infernizou tanto, mas tanto, que resolvi ir um domingo para ver "de colé" da igreja. E não é que gostei? Achei interessante, todo mundo muito bem vestido (as mulheres de vestido de gala e eu de calça jeans e tênis), todos foram extremamente simpáticos comigo e meu colega de sala me colocou no banco junto de toda a família dele.
Logo eu pensei: _Puta merda! Sera que os pais dele estão achando que a gente namora???
O povo me olhava com uma cara... Todo mundo exalava amor ao próximo e aquilo de certa forma fez com que eu voltasse outra vez. Já na segunda vez, uma garota do meu bairro já se prontificou a fazer o estudo bíblico comigo todos os sábados em minha casa (Essa idéia eu achei mais interessante) e era engraçado porque até 10 minutos antes de ela chegar geralmente eu estava ouvindo Metallica no último volume e então desligava o som para tornar o ambiente adequado aos estudos.
Porfim resolvi levar minha irmã comigo algumas vezes, e como ela estava cursando o catecismo na época, isso gerou uma polêmica enorme na familia e vizinhança, pois a catecista entrou em contato com meu pai para saber o que havia acontecido com ela que havia sumido das aulas.Não deu outra: Meu pai disse que ela se formaria no catecismo e me proibiu de levá-la novamente à igreja. Minha tia, que sempre que nos visitava deixava R$10,00 pra mim e R$10,00 pra minha irmã, passou a não me dar mais dinheiro quando soube que ofertei os R$10,00 dela na igreja (capitalismo, beibe)!
Em meio a essa situação conflitante, fui almoçar um domingo na casa da minha tia (aquela para a casa da qual eu fugi no post anterior) e como de costume, meus tios compravam sempre um galão daqueles de 5 litros de vinho para toda a família tomar. Como eu sempre gostei de vinho, tomei um copo. Depois dois, três... E lá fui eu pra igreja orar para a familia.
Cheguei atrasada, como sempre e percebi que havia um tumulto na igreja. Pessoas alvoroçadíssimas, muitos carros, o culto já havia começado e como não havia lugar mais à frente, fiquei lá atras mesmo. Daí o pastor perguntou alguma coisa que eu entendi que fosse algo do tipo: Mais alguém quer vir aqui na frente receber uma bênção?
Levantei a mão rapidamente e me desloquei entre os fiéis. O pastor disse: A Deise! Que bênção irmã! Palmas para o senhor! E toda a igreja batia palmas ( principalmente o povo da minha sala), o meu colega que me levou pra igreja chorando de emoção foi me dar um abraço. Nesse instante uma das obreiras me levou para atrás do palco/púlpito e me deu uma túnica branca para eu vestir. Eu só pensava: "Que p*£²@# é essa que tá acontecendo, gente???"  E então uma menina que estava na fila na minha frente inicia o seguinte diálogo:
_Você tá nervosa?
_N... Não. Porquê? Você está?
_Nossa, estou sim. E muito! Eu nunca te vi aqui na Igreja, nunca te vi no curso do batismo... Tem muito tempo que você é daqui?
_Mais ou menos. Tipo... Um mês. Eu não fiz curso não! Essa fila é pra batizar????


Acho que o meu hálito de vinho encerrou a conversa. E eu não me lembro porque me "desviei" da instituição. Quando eu lembrar eu conto aqui para vocês, meus 11 seguidores. rs

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Poeminha Canalhinha

Meu pé de laranjinha
Que anda cheinho de flor
Se você prometer
Que vai me amar
E me dar carinho
Eu sei que é inverno
E à noite faz friozinho
Mas eu prometo de pé juntinho
Que te faço sentir calor!

sábado, 7 de agosto de 2010

Se Deus quiser, um dia eu quero ser índio...


Em meados de 2002, fui selecionada para trabalhar como entrevistadora em um grande instituto de pesquisa, durante as históricas eleições que colocaram o sr. LILS para comandar nossa nação.

Devido ao segundo turno, tivemos que dar apoio às equipes do sul do país, e eu fui escalada para passar vinte dias no maravilhoso Pantanal Sul Matogrossense e a aventura começou com nosso supervisor dizendo que devíamos levar muita roupa de frio, pois lá era gelado, por ser no sul. Comprei luvas, touca, cachecol, e fui linda.
Quando desembarquei parecia que estava em uma sauna. O termômetro da rodoviária marcava exatos 42 graus. Sim, eu disse rodoviária, pois não havia passagem aérea para toda a equipe.

Dentre todas as aventuras que me aconteceram nesses vinte dias, a que mais me marcou, foi sem dúvidas a minha ida a uma tribo indígena, a Tribo Limão Verde:


Primeiramente, para fazermos nossa pesquisa na aldeia, tínhamos que pedir permissão ao cacique.A aldeia era gigante e tivemos que andar horrores procurando o cara. Eu fiquei impressionada, porque as ocas deles (que eu esperava que fossem aquelas tradicionais, de palha), eram de tijolo e cimento. As mulheres vestiam aquelas saias indígenas, e os homens, graças ao bom Deus, vestiam um short.

Depois de andarmos toda a aldeia atrás do cacique, o encontramos em sua Oca - Mor e vocês não vão acreditar. Ele tinha OITO MULHERES! Sim, eu disse OITO. Como ele não falava nossa língua (pra mim ele estava fazendo é linha, pois todo mundo falava português), precisamos de um intérprete. Ele falou, falou, falou e finalmente liberou o nosso trabalho. Com a condição de que voltássemos lá quando acabasse.

Andamos a aldeia inteira e conseguimos enfim finalizar a pesquisa. Quando voltamos lá pra agradecer, o cacique super poderoso, rodeado de suas OITO MULHERES nos oferece um doce de caju em calda feito especialmente por suas esposas. Detalhe: Eu ODEIOOOOO caju, faço até vômito com o cheiro... Obviamente, eu agradeci e falei que não queria. Meu parceiro fez o mesmo, mas o cacique com aquela flecha nas costas disse:
"Vai fazer desfeita pra cacique e pras mulher de cacique?"
Pensei no quanto eu queria sair viva daquela aldeia e respondi:
_Claro que não, né seu cacique!Pode colocar um pouquinho aí pra mim...

Então ele me dá um copo duplo lotado de doce... E eu com medo de vomitar e tomar uma "frechada", comi bem devagar e prendendo a respiração. Lembrando de quando minha mãe nos obrigava a comer verdura, tomar remédio, etc com seu aterrorizante chinelo na mão... Quando estava no último pedaço, tinha uma formiga amazônica no meu doce que mais parecia um rato!Eu prendi a respiração,arredei a formiga e olhei apavorada para o meu parceiro, que me ohou com a mesma cara e os olhos cheios de lágrima. Quanto mais eu partia o útimo pedaço, mais formiga eu achava. Minha vontade era jogar aquele copo longe e sair correndo,desviando das flechadas.

Mas aguentei firme e terminei. Fomos embora calados e duros de tanta tensão, e quando
saimos da aldeia, falamos juntos:
Puuuuuuuuuuta que pariu, meu doce tinha umas formigas gigantes!!!!!!

Acho que elas faziam parte da compota...

domingo, 9 de maio de 2010

O Dia Em Que Fugi De Casa


Adolescência : A fase do desenvolvimento humano que marca a transição entre a infância e a idade adulta. Com isso essa fase caracteriza-se por alterações em diversos níveis - físico, mental e social - e representa para o indivíduo um processo de distanciamento de formas de comportamento e privilégios típicos da infância e de aquisição de características e competências que o capacitem a assumir os deveres e papéis sociais do adulto[1].
Wikipédia


Quem nunca teve o instinto fugitivo aguçado por uma desavença familiar que atire a primeira pedra. Agora, ter o instinto aguçado, bolar um plano e colocá-lo em prática já são outros quinhentos.

Experiência 1:

Uma vez, briguei com minha mãe por algum motivo que não me lembro. Devia ter uns 12 anos, e minha irmã que também se envolveu no desentendimento, uns 6. Então tive a brilhante idéia: Vamos fazer de conta que fugimos de casa! E assim o fizemos. Deixamos um bilhete na mesa da sala, juntamos nossas coisas e nos escondemos dentro do guarda - roupas dela. Lá ficamos um bom tempo, pois minha mãe não tomou conhecimento do bilhete, que o vento jogou debaixo da mesa.
Por fim, quando já estávamos quase sem ar lá dentro, feito uns jacus, sai e perguntei-a se não havia sentido nossa falta. Ela pensou que estivéssemos na vizinha, e quando eu contei a ela que estávamos no guarda -roupas escondidas, levei uma surra por ter amassado as roupas passadas.

A segunda experiência poderia ter sido trágica, se não fosse cômica.

Aos 14 anos eu morava com meu pai e minha irmã, após o divórcio dos meu pais. Acabei tendo de fazer terapia para enfrentar o trauma. A psicóloga encarregada da missão não podia ser mais louca. Como eu sempre dizia que estava tudo bem comigo e que eu não tinha nada a dizer, ela me falava em todas as sessões:
_ Deise, você não é um super - homem (?), tem que colocar o que está sentindo pra fora, tem que enfrentar tudo e não fazer de conta que nada está acontecendo.

Foram várias idas ao divã, quando resolvi seguir seu conselho.

Contrariada pelo comportamento hippie/não tô nem aí pra nada nessa vida, e resolvi ir embora. Sim, dessa vez de verdade. Deixei uma carta para o meu pai, juntei minhas coisas, coloquei numa mochila e peguei a estrada. Isso era de manhã, por volta de umas 9 horas.
Fui andando pela MG 29, que circunda Itabira. O objetivo era pegar carona com algum caminhão e sumir no mundo, mas onde estava a coragem? Continuei a saga pela estrada a fora, quando o sol e a fome já roubavam todas as minhas forças (11 da manhã). Então vi que estava perto do bairro onde morava uma tia minha, da qual eu gostava bastante e resolvi traçar um plano B. Ao invés de pegar carona na estrada e sumir no mundo passando fome e calor, eu iria para a casa da minha tia, pediria a ela para não contar ao meu pai que eu estava lá até segunda ordem e moraria com ela pra sempre. Era um plano perfeito, afinal de contas ela cozinhava muito bem e eu estava morta de fome. Andei ainda mais uma hora pela estrada, corri de um cachorro que queria me morder, até que enfim cheguei.
Toquei a campainha e tamanha foi a surpresa: Meu pai foi abrir o portão. Que vergonha... Minhas tias, primos e meu pai estavam discutindo por onde começar a me procurar, e eu, estupidamente apareci por lá.
Mas eu não podia demonstrar que não esperava aquela reunião né? Fiz uma linda cara de paisagem e recusei o almoço. Disse que estava na casa de uma amiga minha e havia almoçado por lá. Meu pai almoçando, querendo me matar, um clima horrível na casa e eu fingi que não tinha nada a ver comigo. Fiquei uns 3 dias na casa dessa minha tia e depois voltei pra casa, pois estava com saudades da minha cama.

Então me dei conta que essa história de fugir de casa só funciona em filme, né? Até hoje eu ainda morro de vergonha quando me lembro da cara do meu pai abrindo aquele portão...

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

"Mãezinha do céu, do manto de anil..."





Itabira, maio de 1995.

Eu posso dizer que fui contemplada ao nascer em Itabira. Creio que uma criança que nasce em uma cidade de interior tem uma infância mais ativa que as demais dos grandes pólos urbanos. Por se tratar de uma pequena cidade, existem infinitos paradigmas, tradições e crenças que reforçam os valores passados por nossos pais (até algum dia que a gente cresce e esquece da maioria deles).

Uma das tradições itabiranas que mais me marcou a infância e que acho que não existe mais, é a Coroação de Nossa Senhora. Todo mês de Abril reuníamos na casa da representante paroquial do bairro para ensaiarmos para a tão esperada coroação que geralmente ocorria em maio. O ritual consistia em vestirmos com um longo vestido de cetim nas cores azul ou branco, umas asas de pena de galinha e umas aureolas bem fajutas para parecermos anjos que iriam colocar coroa, véu e outros acessórios na imagem da Nossa Senhora Aparecida.

Eis que no ano em questão, depois de muitos ensaios,na iminência do grande evento, ocorre uma fatalidade: Em um dos últimos ensaios eu esbarro na santa, ela cai e quebra. Sim, eu quebrei a santa de nossa comunidade. Mas foi algo totalmente sem culpa,claro! As organizadoras não sabiam o que fazer. Não havia outra santa do tamanho necessário para a encenação em nenhum lugar. Foi quando minha mãe teve a louca idéia de se passar pela santa quebrada.

Fez logo uma escova no cabelo, passou um quilo de maquiagem clara no rosto e nas mãos e me ameaçou de experiência de quase morte, caso eu contasse para alguém que ela seria a santa a ser coroada. Para surpresa de todo mundo, ela foi colocada ajoelhada no altar sobre um andor carregado por uns seis homens(muito fiéis por sinal.Imagina carregar uma santa de mais de 70 quilos?!)e lá permaneceu imóvel até o fim da coroação.

Como não poderia deixar de ser, ela teve que dar um close né? Forçou uma lágrima que caiu de um olho só, o que causou o maior alvoroço entre a plateia:
_ Ai meu Deus, é um milagre! A santa está chorando! A santa está chorando!!!
Enquanto isso eu esbocei uma gargalhada, mas lembrei da ameaça de quase morte e fiquei quieta até acabar o teatro.
No final quando os fiéis já estavam empolvorosos, criando tumulto para invadir o altar e pedir um milagre à santa, a organizadora pegou o microfone e contou a todos que a santa se tratava da minha mãe.

Algumas pessoas elogiavam a atuação impecável, outras achavam um absurdo e falta de respeito coroarem uma pecadora que ainda por cima tentou enganá-las. Nessa hora eu já estava no meio da bagunça, rindo muito da situação.

Moral da história: "Em santo de carne, pau nele!"

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

O Dia Em Que Meu Pai Morreu


Olá, meus caros!

Hoje dividirei com vocês a experiência de quase morte que assustou toda a família Maia em meados de 2003.


Meu pai, um senhor de idade já madura, possuía uma oficina mecânica na frente de nossa casa, um bairro bem familiar da cidade de Itabira.

Eu nessa época, morava em Belo Horizonte e trabalhava em uma clínica psiquiátrica (sugestivo, não?).


Um belo dia recebo uma ligação na clínica, era minha mãe:


_Filha, eu tenho uma notícia pra te dar, mas fica calma.

Desespero automático:

_Calma por quê, mãe? O que aconteceu? Fala, fala logo!

_Calma Deise!Você tem que ser forte, minha filha!

_Faaaala mãe, o que aconteceu????

_Seu pai, ele morreu.

_Como assim? Morreu de quê?


Fiquei bege, super bege. Meu pai vivia aprontando, como ele morre assim, de uma hora pra outra???? Cho- quei.

_Ele estava em Sabará, morreu afogado no Rio das Velhas.

_Tá, tudo bem, to indo praí.. Já acharam o corpo? Avisaram a família toda?

_Já, já avisei todo mundo, vem pra cá porque ainda não tenho notícias do corpo, to tentando falar com a namorada dele, mas ela não atende...


Bom, conversei com minha chefe, que ficou compadecidíssima, ofereceu ajuda financeira para o enterro e tudo mais. Eu ainda não acreditava... Ele não tinha feito metade das coisas que havia me prometido em vida, como me levar ao Mineirão pra ver um jogo do Galo (como até hoje não o fez).

Quando finalmente o sentimento de negação deu lugar ao da perda, e eu já ia começar a chorar, minha mãe me liga novamente:


_Eu vou mataaaaaaaaaaaaar seu pai, aquele irresponsáááável!!!!!

_Que isso, mãe? Respeita a memória do meu pai, ele...

_Ele não morreu não, aquele #~!@*& !

_Como assim, não morreu???

_Aquele F#@%&*!!! Simplesmente saiu, deixou a casa toda aberta e foi pra Sabará com a namorada dele. Tá lá até hoje!!!

_E de onde a senhora tirou que ele havia morrido?

_Uai, a vizinhança inteira dele estava me ligando, falando que havia dias que ele não abria a oficina, e a casa estava toda aberta. Fui lá ver o que podia ter acontecido. Quando chego, a casa realmente estava aberta e não havia ninguém, então fui ao bar que ele frequenta, pra saber se alguém tinha notícias dele. Foi então que Fulano começou a chorar e me perguntou se eu não estava sabendo que ele tinha ido pra Sabará e que tinha morrido afogado.



Detalhe: O tal fulano estava bêbado às 11h da manhã e minha mãe dá crédito pra um trem desses... Dou conta.