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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Confissão de Itabirana




Esta semana estive desfrutando meus últimos dias de férias em Itabira. Logo ao chegar, fui acometida por uma amigdalite que me deixou por três dias prostrada no sofá da sala assistindo TV e navegando pela internet simultaneamente. Ontem, como acordei melhor e retornaria para Belo Horizonte à tarde, resolvi levantar cedo e acompanhar minha mãe em sua caminhada matinal. Saímos de casa às 9:40 da manhã, debaixo de um sol escaldante que já me deixou estressada, mas eu estava disposta a usufruir da companhia dela, uma vez que ela não para em casa e mal a vi durante os dias em que lá estive.

 Primeiramente fizemos exercícios naqueles aparelhos para a terceira idade ao lado da estação ferroviária. Confesso que eu estava sem paciência, pois quanto mais exercícios fazíamos, mais quente o tempo ficava. Mas segurei minha rabugice (que anda exagerada ultimamente) e esperei paciente(mente) até que ele terminasse todos os 300 aparelhos para darmos início à nossa caminhada. Juro que pensei que morreria naquele sol_ já me sentia o próprio Josias, personagem de Rachel de Queiroz em O Quinze, que durante a fuga desesperada de sua família da seca nordestina morreu no meio do caminho_ quando depois de 5 minutos de caminhada minha mãe resolve entrar num supermercado para comprar água. Como ela conhece metade da cidade, já imaginei que nossa caminhada terminaria por alí, pois até ela cumprimentar todos os transeuntes e funcionários do supermercado já seria meio dia.

 E confirmando minha suspeita ela cumprimentou uma senhora e disse: _Olha Deise alí oh! A senhora, muito simpática acenou surpresa com  meu tamanho (e largura, pois estou de férias) e disse:_Tá me cumprimentando, mas aposto que nem lembra quem eu sou, né?! (Particularmente, eu já sofri bastante com isso. Sempre me preocupava em ser a simpatia em pessoa, dizendo que sim, mesmo que não me lembrasse. Mas hoje em dia, na rabugice dos meus pré 30 anos, simplesmente respondo: Não, não lembro).

O caso estaria encerrado se fosse verdade, mas fatalmente eu me lembrava daquela senhora e muito me envergonhava disso. Enquanto eu me embrenhava pelas prateleiras do supermercado para que ela não mais me avistasse, fui me lembrando detalhadamente de um dia, quando eu tinha uns 10 anos e minha mãe inventou de levar minha irmã e eu em uma excursão para Itambé do Mato Dentro, a cidade que mais amávamos devido a sua riqueza de suas cachoeiras. 

Nesta época o casamento dos meus pais já não passava de (como diz Drummond) um retrato na parede e não sei por que cargas d'água meu pai não iria conosco e não se disponibilizou a nos levar até o ponto de partida da excursão. Devido a esta falta de cooperação dele, tivemos que dormir na casa desta senhora, a organizadora da viagem, pois o ônibus sairia muito cedo. Me lembro que ela e minha mãe tomavam cerveja, conversavam e faziam os quitutes para levarmos para o evento enquanto eu, endiabrada que só eu conseguia ser, revirava todo o quarto do filho da senhora. Achei vários carrinhos, soldadinhos e algo que muito me brilhou os olhos: Um pote de GELÉINHA! Aquilo foi a glória para mim... A geléinha e os óculos-canudo do Chaves fazem parte da lista das coisas que eu mais quis ter na infância e nunca tive. Juntamente com carrinho de rolimã, mesa de totó, arma de chumbinho e outras coisas. Voltando à geléinha, fiquei quietinha brincando com aquela gosma fedorenta por uns bons 40 minutos, até perceber que ela não fazia nada do que diz na propaganda: "Faça um balão, faça um monstrinho, todas as cores, é só escolher pra combinar!".

Revoltada com a propaganda enganosa, larguei a gosma (que já não tinha cor, pois eu havia misturado três cores diferentes) no sofá da simpática senhora. Quando percebi, vi que estava tudo grudado e imediatamente guardei dois potes do brinquedo, mas faltava um.  Tinha quebra cabeça, livro, um monte de coisas espalhadas pela sala e eu comecei a me desesperar à procura da gosma perdida. Quando por fim a encontrei, ela estava total e completamente grudada no tapete da sala. O primeiro pensamento de todos: Minha mãe vai me matar! Eu tentava tirar aquilo de cima do tapete chiquérrimo, diga-se de passagem, já quase sufocada com meu próprio choro engolido, mas foi em vão. Ficou uma enorme mancha e para que eu não fosse pega, fui até a cozinha e disse que estava com sono e queria dormir.

Quando a senhora disse que arrumaria a cama do filho dela, que estava de férias sei la onde, eu disse que estava com medo de dormir no quarto e pedi para colocar o colchão na sala. Assim o fiz. Claro, o coloquei sobre o tapete e tive vários pesadelos com a geléinha monstro correndo atrás de mim, o tapete falando comigo e etc. No dia seguinte fui a última a levantar. Dessa forma, ninguém viu. E se não me viram fazendo, não poderiam me acusar jamais!

Mas ao ver a senhora no supermercado ontem, acabei me acusando. Não posso fazer 30 anos com essa culpa na consciência, né... Pois bem, senhora gentil... Fui eu. Me desculpe, pois não tinha a intenção... Só não venha me cobrar outro tapete pois o crime já prescreveu, ok?!

2 comentários:

Marlon Maia disse...

kkkkkkkkkk Malandra!

Dª fulô. disse...

Ah como ri! Me lembro desse episódio. Como de costume pensei que haveria algum delato sobre minha pessoa! Pode deixar que contarei a ela que foi você. Acho que ela não segue seu blog!